Entrada da Casa do João Ratão, freguesia de Provesende, concelho de Sabrosa.
As vidas dos outros sempre exerceram fascínio sobre cada um
de nós. Um fascínio que é menos vergonhoso à medida que a distância entre a
nossa própria vida e a dos outros for maior, deixa de ser cusquice para passar a ser
cultura.
As ruínas funcionam como um portal de acesso a essas vidas
(passadas) que tanto nos interessam. O nosso imaginário, povoado de histórias
arremessadas pelos livros, pela escola, pelos filmes, enleia-se com a nossa
essência e neste cenário podemos recriar as vidas à nossa imagem e semelhança.
 |
Jardim na parte anterior da Sé Catedral de Miranda do Douro. |
 |
Castelo de Trancoso |
As relações humanas funcionam da mesma maneira, apenas
recebemos vestígios do que os outros são e cabe-nos imaginar o resto. Conseguimos
ver o que querem que nós vejamos, brechas de história pessoal que pode sair
gradualmente ou em golfadas de verdades.
Tem a vantagem de imaginarmos o que mais se ajusta aos
nossos desejos e aflições (ilusão...)tem a desvantagem de quase sempre as projecções serem
falsas. De igual forma, por muito que tentemos recriar a história, dificilmente
nos aproximamos da realidade, ou mesmo que consigamos esse feito, nunca o
saberemos.
 |
Cemitério no interior das muralhas de Marialva, Mêda |
E ao contrário do que acontece com as ruínas de calhaus, em
que mesmo sendo falso conseguimos acreditar que é verdadeiro, porque ninguém
nos poderá dizer o contrário, as “vidas vivas” revelam-nos as falácias da nossa
imaginação em vagalhões sob os quais perecemos (desilusão)....
Neste cenário mágico de ruínas físicas não há vagalhões, podemo-nos sentar no topo da muralha e acreditar na nossa imaginação, ninguém nos dirá o contrário.
 |
Castelo de Marialva, Mêda
|
|
Sem comentários:
Enviar um comentário