sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ruínas

 
Entrada da Casa do João Ratão, freguesia de Provesende, concelho de Sabrosa.
As vidas dos outros sempre exerceram fascínio sobre cada um de nós. Um fascínio que é menos vergonhoso à medida que a distância entre a nossa própria vida e a dos outros for maior, deixa de ser cusquice para passar a ser cultura.
As ruínas funcionam como um portal de acesso a essas vidas (passadas) que tanto nos interessam. O nosso imaginário, povoado de histórias arremessadas pelos livros, pela escola, pelos filmes, enleia-se com a nossa essência e neste cenário podemos recriar as vidas à nossa imagem e semelhança.

Jardim na parte anterior da Sé Catedral de Miranda do Douro.


Castelo de Trancoso
As relações humanas funcionam da mesma maneira, apenas recebemos vestígios do que os outros são e cabe-nos imaginar o resto. Conseguimos ver o que querem que nós vejamos, brechas de história pessoal que pode sair gradualmente ou em golfadas de verdades.








Tem a vantagem de imaginarmos o que mais se ajusta aos nossos desejos e aflições (ilusão...)tem a desvantagem de quase sempre as projecções serem falsas. De igual forma, por muito que tentemos recriar a história, dificilmente nos aproximamos da realidade, ou mesmo que consigamos esse feito, nunca o saberemos.


Cemitério no interior das muralhas de Marialva, Mêda



E ao contrário do que acontece com as ruínas de calhaus, em que mesmo sendo falso conseguimos acreditar que é verdadeiro, porque ninguém nos poderá dizer o contrário, as “vidas vivas” revelam-nos as falácias da nossa imaginação em vagalhões sob os quais perecemos (desilusão)....


















Neste cenário mágico de ruínas físicas não há vagalhões, podemo-nos sentar no topo da muralha e acreditar na nossa imaginação, ninguém nos dirá o contrário.

Castelo de Marialva, Mêda







Sem comentários:

Enviar um comentário